segunda-feira, 25 de novembro de 2013

I Carta do Apóstolo Pedro

No ano 63 a.C., o general romano Pompeu conquistou Jerusalém. Desde então, os judeus, levados pelo profundo ódio e desprezo que Roma lhes inspirava, começaram a chamá-la de “Babilônia”, o nome da antiga cidade que evocava neles a imagem de um mundo pagão, blasfemo e corrupto.
A Igreja, como os judeus, também utilizou o nome de Babilônia para simbolizar a poderosa Roma imperial (cf. Ap 14.8; 16.19; 17.5; 18.2,10,21). E assim Pedro se refere a ela quando transmite aos destinatários da sua carta a saudação da igreja “que se encontra em Babilônia” (5.13).


DATA E LUGAR DE REDAÇÃO
A Primeira Epístola de Pedro (I Pe) não oferece dados que permitam identificar os seus leitores imediatos. Somente diz que viviam como “forasteiros” nos territórios de “Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia” (1.1), cinco regiões do centro e Norte da Ásia Menor (atualmente Turquia). Tratava-se, provavelmente, de pequenos grupos cristãos, compostos por convertidos de origem gentílica e que faziam parte da “Diáspora” ou “Dispersão”. Em geral, esses grupos deviam a sua criação à obra missionária do apóstolo Paulo e dos seus colaboradores (1.14,18; 2.9-10; 4.3).
Ainda que não tenhamos indicações precisas acerca do tempo de composição desta carta, acredita-se que foi muito próximo do ano 64, em Roma, pouco antes da grande perseguição que Nero desencadeou contra os cristãos daquela cidade.


PROPÓSITO
O texto de I Pedro está redigido em um grego de notável nível literário. Em 5.12, aparece um dado interessante: “Por meio de Silvano... vos escrevo”. Isso pode significar que, mesmo que Pedro seja o autor e assinante do texto, para a sua redação contou com um secretário erudito. E, visto que Silvano é a forma latina do nome aramaico Silas, é possível supor que aqui se trata daquele que foi companheiro de viagem e colaborador de Paulo (At 15.22—18.5; cf. também 2Co 1.19; 1Ts 1.1; 2Ts 1.1).
O objetivo principal desta epístola é animar os seus leitores a manterem, em meio a aflições e perseguições, uma conduta pura, digna daqueles que professam a fé em Jesus Cristo (1.6-7; 2.12; 3.17; 4.1,4,12-16,19). Junto a esse objetivo primordial, os ensinamentos que a carta contém aparecem antes de mais nada como o indispensável suporte de uma exortação pastoral.


CONTEÚDO E ESTRUTURA
Depois de uma breve saudação (1.1-2), o autor introduz o tema geral do plano da redenção preparado por Deus (1.10-12) para aqueles que põem a sua fé em Jesus Cristo, uma fé que é “muito mais preciosa do que o ouro” (1.7) e cuja meta “é a salvação da alma” (1.9). Dirige depois uma série de conselhos e recomendações aos crentes (1.13—2.10), que são “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus” para anunciar “as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (2.9).
O autor alenta os cristãos a atuar de tal maneira, que em tudo sejam exemplo (2.11—4.6), inclusive em situações em que a sua boa conduta poderia parecer incompreensível à vista do mundo e trazer sobre eles menosprezo e hostilidade. Esta seção contém também conselhos referentes ao cumprimento do dever nos diversos casos que estabelecem as relações humanas (2.13-14,17-18; 3.1-7) e ao comportamento que corresponde a uma verdadeira comunhão fraternal no âmbito da igreja (3.8—4.11). Esta comunhão tem como base o amor e deve ser objeto da maior solicitude porque “o fim de todas as coisas está próximo” (4.7).
A parte final desta seção inclui uma nova exortação para manter firme o testemunho da fé. Os crentes, sendo “co-participantes dos sofrimentos de Cristo”, também o serão da sua gloriosa revelação (4.12-19).
Alguns conselhos a pastores e responsáveis pela igreja (5.1-4) e outros aos crentes em geral (5.5-11), mais algumas breves saudações da parte da igreja “que se encontra em Babilônia... e de meu filho Marcos” (5.13-14), põem ponto final à epístola.


ESBOÇO:
Prólogo (1.1-12)
1. Regenerados para uma viva esperança (1.3-12)
2. Conselhos e recomendações aos crentes (1.13—2.10)
a. Chamado a uma vida santa (1.13—2.3)
b. Chamado a aproximar-se da Pedra Viva (2.4-8)
c. Chamado a proclamar as virtudes de Cristo (2.9-10)
3. Exortação à vida cristã exemplar (2.11—4.6)
a. Vivendo como servos de Deus (2.11-25)
b. Vivendo como servos na família (3.1-7)
c. Vivendo como servos na conduta diária (3.8—4.11)
d. Participando nos sofrimentos de Cristo (4.12-19)
4. Recomendações aos anciãos e jovens (5.1-11)
Epílogo (5.12-14)

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