sábado, 30 de novembro de 2013

A Epístola de Judas

A Epístola de Judas (Jd), ainda que breve, tem um forte caráter polêmico. Revela no autor um ânimo resoluto de fazer frente a “certos indivíduos” indesejáveis, que dissimuladamente infiltravam na igreja ensinamentos contrários ao evangelho (vs. 4-7,14-15,23). Não sabemos de que pessoas se tratava, nem se estavam relacionadas com alguma doutrina conhecida do pensamento religioso da época. Mas está claro que Judas não se refere a um perigo meramente potencial, procedente do mundo exterior pagão, mas a algo que havia começado a danificar interiormente a igreja (ou, pelo menos, a comunidade destinatária imediata da epístola).

PROPÓSITO
A dureza de linguagem, característica deste texto, revela a preocupação do autor. Este adverte sobre as conseqüências da confusão espiritual e da depravação moral que podiam arrastar pessoas ingênuas aos ensinamentos e ao comportamento dos falsos mestres contra os quais escreve.
Era um dano cuja gravidade era acentuada pelo fato de que aqueles que o causavam se denominavam cristãos: eram indivíduos que participavam nas “festas de fraternidade” (lit. ágape) da congregação (v. 12), mas que, arrastados pela sua própria sensualidade (v. 19), haviam caído na devassidão. Por isso, Judas os chama de “ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus” (v. 4), que murmuram e se degradam, sendo “aduladores dos outros, por motivos interesseiros” (v. 16). Acusa-os de negar a Deus como “o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (v. 4); de rejeitar o “governo” e difamar as “autoridades superiores” (v. 8); de causar divisões e de não ter o Espírito de Deus (v. 19).
Judas apóia as suas palavras com figuras e representações do Antigo Testamento: Sodoma e Gomorra (v. 7; cf. Gn 19.1-24); o arcanjo Miguel (v. 9; cf. Dn 10.13-21; 12.1); Caim, Balaão e Corá (v. 11; cf. Gn 4.3-8; Nm 22.1-35; 16.1-35) e “Enoque, o sétimo depois de Adão” (v. 14; cf. Gn 5.21-24). Também faz alusão a algumas tradições judaicas não-bíblicas (vs. 6,9,14-15).

DATA E LUGAR
Não se conhecem dados históricos precisos relativos a este escrito, a não ser o fato de o autor se identificar como “irmão de Tiago” (v. 1). Por outro lado, a opinião mais generalizada é que esse Tiago era irmão do Senhor e que foi o autor da Epístola de Tiago (cf. Mt 13.55; Mc 6.3; Gl 1.19; 2.9. Se essa hipótese for correta, Judas também era irmão de Jesus.
Não há menção alguma a respeito dos primeiros destinatários desta carta, que, em um grego de elevado nível literário, foi redigida provavelmente entre os anos 70 e 75, entre judeus radicados fora da Palestina.


ESBOÇO:
Prólogo (1-2)
1. Propósito da carta: Presença de falsos mestres na igreja (3-4)
2. Descrição do caráter e do juízo que pesa sobre os falsos mestres (5-16)
3. Advertências e exortações (17-23)
Epílogo (24-25)

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